Uberaba / MG - terça-feira, 15 de outubro de 2024

Os Exames Pré-Nupciais

Hoje em dia, a maioria das mulheres têm buscado orientações ginecológicas na adolescência, algumas trazidas pelas próprias mães ao consultório, outras por iniciativa própria ou aconselhadas por amigas e namorados.

Falar sobre exames pré-nupciais, no sentido puro da palavra, em tempos onde a iniciação sexual ocorre geralmente muito antes das núpcias, pode parecer errôneo. Porém, o aconselhamento médico pode ser introduzido preventivamente tanto antes do início da atividade sexual quanto antes do próprio casamento.

Para o ginecologista procurado é sempre um desafio criar um vínculo de confiança com a sua paciente na primeira consulta. Esse vínculo deve ser inteiro e bilateral, para que a paciente discuta abertamente todas as dúvidas sobre qualquer assunto e se sinta segura. 

É claro que o mesmo tipo de dificuldade é enfrentada pelo homem, particularmente o adolescente, quando ele escolhe o médico para se orientar.

A orientação pré-nupcial não envolve apenas a realização de exames ou de um check-up garantindo a saúde ou detectando doenças; visa, sobretudo, a que o profissional demonstre respeito, compreensão, segurança e conhecimento para que a paciente se sinta plenamente acolhida na consulta, aprendendo, desmistificando mitos e esclarecendo suas dúvidas e aflições. 

Assim, a empatia entre a paciente e o ginecologista escolhido por ela é essencial, pois inúmeras vezes ele também dá orientações aos namorados, noivos e futuros maridos. Neste âmbito, a relação médico-paciente é extremamente rica, envolvendo por vezes toda a família, e se perpetuando nos pré-natais e partos futuros.

Atualmente, a rotina de exames tem a finalidade de diagnosticar doenças, tratáveis ou não, que possam interferir na vida sexual, em futuras gestações, ou indicar prevenções, por meio de vacinas, para algumas de maior risco. A consulta exige uma história pessoal (incluindo as características menstruais) e familiar cuidadosa, um adequado exame clínico geral e ginecológico. 

O exame clínico deve averiguar a medida de pressão arterial, a ausculta cardíaca e pulmonar, a palpação da tireóide e do abdome e a inspeção de alterações vasculares ou dermatológicas gerais, que permitem o encaminhamento para o especialista adequado, se necessário for. 

O exame ginecológico completo inclui a avaliação das mamas (inspeção e palpação) e o exame genital, propriamente dito, possível nas pacientes não virgens. Naquelas que possuem integridade do hímen, a vulva e o períneo devem ser observados para se averiguar possíveis anormalidades anatômicas ou se visibilizar corrimentos que, estando presentes, podem ser tratados e podemos, ainda, com o auxílio de um cotonete coletar a secreção retida antes do hímen.

O exame ginecológico normal compreende: ensinar como funciona a contração e o relaxamento da musculatura perineal; a colocação de um dispositivo chamado espéculo no interior da vagina, permitindo a observação do colo uterino (se há alguma "ferida" que precise ser tratada), a coleta adequada do material para o Papanicolaou, a detecção de alguma anormalidade vaginal; o toque, através do qual podemos palpar e avaliar o útero e os ovários. 

Se houver alguma indicação, a ultra-sonografia pélvica pode ser realizada, informando melhor o ginecologista sobre o útero e os ovários da paciente.

 

Os exames pré-nupciais rotineiros para a mulher são:

- Colpocitologia oncológica ou Papanicolaou: visa detecção do câncer de colo uterino.
- Hemograma completo: avalia se há anemia, alterações de glóbulos brancos ou de células da coagulação denominadas plaquetas. Podemos tratar algumas dessas doenças ou aconselhar sobre o risco de transmissão numa gestação.
- Tipagem sangüínea: identifica o grupo de sangue ABO e Rh. Se a paciente for Rh negativo, devemos conhecer a tipagem do seu futuro marido, para aconselharmos se haverá alguns cuidados especiais em gestações ou partos, o que ocorre no caso dele ser Rh positivo.
- Reações sorológicas para a sífilis: detectam possível contaminação assintomática, possibilitando tratamento, que cura a doença.
- Sorologia para rubéola: se a paciente não tem imunidade para a rubéola, deve ser vacinada e não engravidar por pelo menos três meses. A vacinação, na adolescência ou antes do casamento, protegerá o seu feto em gestação futura.
- Sorologia para hepatite B e C: se houver a presença do vírus B ou C, a mulher deve ser acompanhada por um infectologista e conhecer os riscos de transmissão da doença. Se ela tiver a sorologia negativa para a hepatite B, deve ser vacinada. Para o vírus C, infelizmente, ainda não há vacina. Se ela for de risco para contrair hepatite do tipo A, também pode ser vacinada.
- Sorologia para HIV: deve ser feita com o consentimento do paciente, mas tem importância fundamental para iniciarmos tratamento adequado e aconselhamento quanto a gestações futuras.
- Exame de urina tipo I: pode detectar infecções assintomáticas tratáveis.
- Exame de fezes: permite o diagnóstico e o tratamento de várias parasitoses assintomáticas, que podem trazer conseqüências indesejáveis no futuro.

 

Os exames pré-nupciais para o homem são: o hemograma, a urina tipo I, o de fezes, as sorologias para sífilis, hepatites e HIV, tipagem sangüínea e o espermograma, para conhecermos suas condições de fertilidade.

Muitos homens são portadores de infecções assintomáticas que diminuem o número dos seus espermatozóides e também podem ter um problema chamado de varicocele, que leva à morte da maioria dos espermatozóides produzidos. Com orientação e tratamentos adequados, muitos desses problemas são reversíveis.

A necessidade de conhecermos também o estado pré-nupcial da fertilidade masculina nos permite orientar um planejamento familiar que venha ao encontro dos desejos do casal, bem como escolhermos o melhor método. O casal também precisa ser avaliado quanto à idade e maiores probabilidades familiares de doenças hereditárias ou alterações genéticas. 

Conhecer métodos de investigação para alguns desses problemas e tomar decisões adequadas quanto a futuras gravidezes. A importância do conhecimento do casal, sob todos os aspectos comentados, torna a assistência médica muito mais adequada e o vínculo com a paciente muito mais forte.

 

Fonte: http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/2160